A Arca de Noé

Noé, o Herdeiro da Justiça: A História do Dilúvio e a Arca

A narrativa do dilúvio em Gênesis é uma das histórias mais conhecidas das Escrituras. A Arca de Noé é tema de canções, desenhos e até filmes. No entanto, poucas passagens bíblicas sofrem tanta ridicularização quanto essa. Mas seria o dilúvio e a Arca de Noé apenas uma questão de fé?

O Mundo Pré-Diluviano e Noé

A humanidade passou por uma rápida degradação moral desde a Queda em Gênesis 3. Caim matou seu irmão Abel e iniciou uma linhagem de perversidade, exemplificada por Lameque. Em contraste, Sete deu origem a uma linhagem que buscava ao Senhor. Noé pertencia a essa descendência, sendo o décimo depois de Adão. Ele nasceu por volta de 1056 após a criação e morreu em 2006, quando Abraão tinha 58 anos. Casado e pai de três filhos – Sem, Cam e Jafé –, Noé viveu num mundo de grande avanço e corrupção.

Os homens pré-diluvianos eram brilhantes. A linhagem de Caim, incluindo os filhos de Lameque, foi responsável por importantes avanços tecnológicos e culturais. Eram pessoas fortes e famosas, mas também perversas. Estudos populacionais, como os cálculos baseados no método malthusiano, indicam que a população naquela época poderia ter variado entre 700 milhões e 2 bilhões de habitantes.

Deus falou com Noé quando ele tinha cerca de 500 anos e ordenou a construção da arca. O dilúvio só veio quando Noé completou 600 anos, indicando que sua pregação e construção duraram cerca de 100 anos.

A Arca e o Dilúvio

Noé recebeu instruções detalhadas sobre a construção da arca. Mesmo sem nunca ter visto chuva, ele obedeceu. A arca possuía dimensões impressionantes: 135 metros de comprimento, 22,5 metros de largura e 13,5 metros de altura. A proporção da arca é usada até hoje na construção de petroleiros, pois garante estabilidade em meio a ondas bravias.

A arca foi feita de cipreste, uma madeira altamente resistente à água e que se torna mais durável quando exposta à umidade. Além disso, foi revestida de betume, um material impermeabilizante. Curiosamente, a palavra hebraica utilizada não se refere ao petróleo, mas a uma substância vegetal específica.

A magnitude da arca despertou interesse ao longo da história. O empresário holandês Johan Huibers construiu uma réplica em tamanho real da arca, gastando mais de 1,5 milhão de dólares. Essa réplica está localizada em Dordrecht, na Holanda.

A Origem das Águas do Dilúvio

Muitos questionam de onde vieram tantas águas e como cobririam até montanhas como o Everest, que tem 8.848 metros de altura. No entanto, a geografia do mundo pré-diluviano era diferente. Não havia montanhas tão elevadas como hoje, pois as formações rochosas resultam de movimentos tectônicos. Algumas características geológicas indicam essa diferença:

  1. Um único supercontinente – A hipótese de um supercontinente foi proposta por Alfred Wegener no século XX, alinhando-se à descrição bíblica de “porção seca”.
  2. Camada de água no céu – Algumas teorias indicam a existência de um dossel de vapor d’água que poderia ter colapsado durante o dilúvio.
  3. Ausência de chuva antes do dilúvio – A Bíblia sugere que a terra era irrigada por um vapor que subia do solo.

O dilúvio começou quando as “fontes das grandes profundezas” se romperam e as “comportas do céu” se abriram (Gn 7:11-12). Estudos científicos modernos confirmam a existência de enormes reservas de água subterrânea. Em 2014, pesquisadores da Universidade de Northwestern, nos EUA, descobriram um oceano subterrâneo a 600 km de profundidade. Isso reforça a possibilidade de um evento cataclísmico de grandes proporções.

A Cronologia do Dilúvio

O dilúvio durou 371 dias. O relato bíblico detalha cada fase desse evento:

  • Noé entrou na arca no dia 17 do segundo mês do ano 600 de sua vida.
  • A chuva caiu por 40 dias e as águas do abismo jorraram.
  • Após 150 dias, a arca repousou no Monte Ararate.
  • Noé abriu a janela e soltou um corvo e depois uma pomba para verificar se a terra estava seca.
  • Finalmente, no dia 27 do segundo mês do ano 601, Noé saiu da arca.

Para Onde Foi Toda a Água?

A água do dilúvio não desapareceu. Estudos mostraram que o fundo dos oceanos não é plano, mas sim formado por cadeias de montanhas submersas. Movimentos tectônicos elevaram os continentes, enquanto os oceanos se aprofundaram, acomodando a água do dilúvio.

Fósseis marinhos encontrados em montanhas, como os Andes, indicam que essas áreas já estiveram submersas. Além disso, grandes massas de água ainda estão congeladas nos polos, contribuindo para a hipótese de um evento global.

Os Animais na Arca

Noé recebeu a ordem de levar casais de animais para preservar a vida na terra. A Bíblia especifica que entrariam animais que respiram por narinas, excluindo insetos, que respiram por traqueias. Atualmente, há cerca de 1,25 milhão de espécies catalogadas, mas considerando a distinção entre “espécies” e “tipos básicos”, estima-se que cerca de 30 mil tipos básicos de animais entraram na arca.

A questão da alimentação e da sobrevivência dentro da arca foi resolvida de várias formas:

  • Entrada de animais jovens, ocupando menos espaço e necessitando de menos comida.
  • Adaptação alimentar – Estudos mostram que muitos carnívoros conseguem sobreviver temporariamente com uma dieta herbívora.
  • Hibernação – Muitos animais entram em estado de torpor quando expostos ao frio e escuridão, reduzindo o consumo de alimentos e a produção de excrementos.

Os dinossauros também poderiam ter estado na arca. Fósseis e relatos antigos, como a descrição do beemote em Jó 40, sugerem sua existência na época. A extinção desses animais pode ter ocorrido após o dilúvio, devido a mudanças climáticas e falta de habitat.

Evidências Históricas e Científicas do Dilúvio

Como saber se o dilúvio foi um evento real? O método científico exige três critérios para confirmar um evento histórico:

  1. Veracidade Histórica – A Bíblia registra detalhes sobre povos e eventos históricos que foram confirmados por descobertas arqueológicas. Por exemplo, os hititas, mencionados apenas na Bíblia por muito tempo, foram confirmados como uma civilização real no final do século XIX.
  2. Evidências Científicas – Marcas do dilúvio podem ser vistas na geologia, como elevação de continentes, fósseis marinhos em regiões elevadas e depósitos sedimentares de larga escala.
  3. Descrição Apropriada – O relato bíblico é conciso e claro, cobrindo os elementos essenciais do evento.

Relatos Não Bíblicos do Dilúvio

Curiosamente, diversas culturas ao redor do mundo possuem relatos semelhantes ao de Noé:

  • Índia (III Milênio a.C.) – O relato de Manu fala de um homem que foi avisado por um peixe sobre um dilúvio iminente. Ele construiu um barco e preservou a vida.
  • Suméria-Babilônia (Século XVIII a.C.) – O épico de Atrahasis narra a história de um homem instruído a construir um barco para salvar sua família e os animais de um dilúvio enviado pelos deuses.
  • China – O antigo pictograma da palavra “embarcação” contém os símbolos de um barco e oito pessoas, uma referência que pode remeter à Arca de Noé.

Com mais de 250 relatos semelhantes ao redor do mundo, a possibilidade de o dilúvio ser um evento histórico real se fortalece.

Conclusão

A história do dilúvio e da Arca de Noé continua sendo um tema fascinante. Tanto a Bíblia quanto a ciência oferecem indícios de que esse evento pode ter sido real. Enquanto a fé tem seu papel, as evidências indicam que a história de Noé pode ser mais do que um simples mito – pode ser um registro de um dos eventos mais marcantes da humanidade.

Institucional

Nossos Contatos

 Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade.

Salmos 115.1