Parábolas de Lucas 15

Lucas 15:11-32

INTRODUÇÃO

Em nosso tempo, a palavra meritocracia obteve grande destaque. Políticos, filósofos, educadores e tantos outros discorrem sobre a importância do mérito. Nossa esfera social gira em torno de fazer por merecer, e, ainda que aceitemos bem a ideia de receber algum presente, se esse for muito além do esperado, desconfiamos que haja intenções por trás. No fundo de nossa alma, não lidamos bem com a ideia de receber sem merecimento. Muitos afirmam: “Eu respeito quem me respeita”; aprendemos bem cedo que é dando que se recebe, portanto, nossa mentalidade é cunhada em fazer pensando em receber. Diante dessa realidade, dar amor e receber o ódio é inadmissível. Dar ódio e receber amor é surreal.

TRANSIÇÃO

Na língua portuguesa, não existe parábola como figura de linguagem, na nossa galeria de figuras estão outros termos, como: onomatopeia, prosopopeia, hipérbole, etc. A parábola é um artifício de comunicação figurativa comum aos hebreus, e Jesus gostava de falar por parábolas. O texto lido faz parte de uma galeria de três parábolas contidas no capítulo 15 do evangelho de Lucas: a parábola da Ovelha Perdida, a parábola da Dracma Perdida e a parábola do Filho Pródigo. Apesar de serem três parábolas, elas compõem uma mesma lição sobre graça, favor imerecido, esforço e o amor de quem não precisava e não tinha por que amar, mas amou o que não era amável.

TEMA: Um Pai Gracioso e Amoroso

I – Aos que foram desprezados

Para compreendermos a totalidade do texto do Filho Pródigo, é necessário compreender o que vem antes, pois essa história começa com as palavras “Jesus continuou”. No início do capítulo, Lucas nos mostra a quem Jesus daria uma lição sobre graça e amor. Algumas Bíblias trazem o título “Jesus recebe pecadores”, e o verso 1 declara: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam para ouvi-lo”. Também estavam presentes os fariseus e mestres da lei (v.2).

Jesus falaria aos publicanos, homens odiados por cobrarem impostos e extorquirem pessoas; aos pecadores, que poderiam incluir assassinos, ladrões e prostitutas; e aos fariseus e mestres da lei, que odiavam a Jesus e o perseguiam. Ao ver a multidão, os fariseus murmuraram, e Jesus propôs uma parábola.

II – Aos que se perderam

A partir do verso 3, Jesus inicia a parábola da ovelha perdida: “Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai após a perdida até que venha a achá-la? E, achando-a, a põe sobre os seus ombros, jubiloso; e, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida”. (Lucas 15:4-6)

2.1) Fora de casa

Jesus cita o pastor de ovelhas, uma imagem comum na Palavra de Deus. O pastor percebe que perdeu uma das cem ovelhas e decide buscá-la. Vale ressaltar que a contagem das ovelhas ocorria ao entardecer, ou seja, essa busca seria feita à noite, tornando-a ainda mais difícil. O amor do pastor por sua ovelha o faz enfrentar qualquer desafio.

2.2) Dentro de casa

Jesus continua: “Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida” (Lucas 15:8-9).

As mulheres casadas na época de Jesus usavam uma grinalda feita de dracmas, que representava o dote da noiva. Perder uma dessas moedas seria vergonhoso. Assim, a mulher varre a casa até encontrá-la e se alegra ao recuperá-la.

III – Aos Filhos Rebeldes

Jesus continua com a parábola do Filho Pródigo. O filho mais novo pede sua herança antes do falecimento do pai, algo incomum e desrespeitoso. Ao receber sua parte, parte para uma terra distante e desperdiça tudo em prazeres fúteis. Uma grande fome o atinge e, sem recursos, ele se humilha para trabalhar apascentando porcos, chegando a desejar a comida dos animais (Lucas 15:15-16).

O jovem, arrependido, decide voltar para seu pai, disposto a ser tratado como um servo. No entanto, o pai o vê de longe, corre ao seu encontro, o abraça e o beija, demonstrando amor incondicional.

O filho mais velho, por outro lado, se indigna ao ver a festa de boas-vindas ao irmão arrependido. Ele reclama ao pai, que lhe responde: “Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas” (Lucas 15:31). Ele estava próximo, mas não desfrutava da alegria do lar.

CONCLUSÃO

A parábola do Filho Pródigo une as lições das outras duas. A ovelha perdida representa o filho mais novo, que fugiu para longe. A dracma perdida representa o filho mais velho, que estava em casa, mas espiritualmente distante.

Hoje, encontramos esses dois tipos de pessoas. Os pecadores que se perderam nos prazeres do mundo, mas têm esperança de redenção. E os religiosos, que se orgulham de suas obras e se recusam a reconhecer sua necessidade de arrependimento.

Deus, sendo um Pai gracioso e amoroso, deseja acolher a todos em seu lar. A pergunta que fica é: em qual desses grupos você se encaixa?

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